terça-feira, 9 de novembro de 2010

Eu ando sozinho

Eu ando sozinho de mãos dadas com alguém que está tão sozinha quanto. Nós crescemos em espirais e vamos ficando tontos. Quanto reparamos que nossas espirais se embaralharam e se misturaram de modo que não possamos mais crescer, nós damos um tempo. Então a chuva cai não e é só porque ela está triste - ainda que ela queira acreditar muito nisso.
Milagres acontecendo debaixo do asfalto. Tem que ser muito frio pra achar que corre sangue lá dentro, através das fibras óticas. Milagres não acontecem, beibe, e ela morde minha orelha, mas já se passaram os cinco segundos em que eu estava a frente do meu tempo. Agora eu folheio livros sobre o Andy Warhol, seus filmes devem ser uma porcaria.
Nunca acreditei em câmeras gravando minha vida escondidas nos telhados ou atrás das cortinas dos apartamentos, se houvesse alguma coisa por lá seriam atiradores de elite. Mas nunca vi miras vermelhas mirando meu peito, seus tiros deveriam ser nas minhas pernas. Ou então tiros intravenesos, o que me explicaria essa coceira debaixo da pele, que me disseram simplesmente não ser alergia.
E às vezes, eu ando sozinho com meu ipod, procurando a brecha que vai me mandar direto pra Interzona. Mesmo assim, nem lá sou amigo do rei. Fico ouvindo barulhinhos que me mandariam de volta pra cama, mas que droga, eu sempre tenho um despertador que me manda viver.

Nenhum comentário:

Postar um comentário