Está no evangelho de Mateus (e só
nele): “magos do oriente” ficam sabendo do nascimento de Jesus e seguem uma
estrela que os leva até Jerusalém. Lá eles vão até o palácio real e perguntam a
Herodes onde é que vai nascer o “rei dos judeus”. O soberano consulta
estudiosos das Escrituras Sagradas, e informa aos magos que o nascimento deve
acontecer na cidade de Belém. Então pede que eles voltem para confirmar o
paradeiro de Jesus. Os homens mais uma vez seguem a estrela, agora até Belém (a
10 quilômetros de lá). Então oferecem ouro, incenso e mirra ao recém- nascido.
Depois, são alertados em um sonho que não devem contar a Herodes onde Jesus
está, e voltam para casa por um caminho alternativo. Herodes, que era ele mesmo
o “rei dos judeus”, não queria ser destronado, então mandou seus soldados
matarem todos os meninos com menos de dois anos na região. Essa é uma história
típica da mitologia em torno de Jesus - nenhum historiador busca evidências de
magos e estrelas-guias; claro. Acreditar nela ou não é questão de fé. Mesmo
assim, alguns elementos dessa fé distanciaram se do que está na Bíblia. Por
exemplo: não há menção a “reis”. “A tradição popular é que definiu isso, porque
trouxeram presentes caros”, diz Irineu Rabuke. O evangelho, aliás, nem diz que
eles eram três: só se sabe que eram mais de um, já que são mencionados no
plural. Os nomes deles também não aparecem. As alcunhas “Gaspar”, “Melquior” e
“Baltazar” são de textos do século 5. O mais provável, enfim, é que esses
personagens de Mateus sejam inspirados em sacerdotes do zoroastrismo, uma
religião persa ligada à astrologia daí a “estrela de Belém” e o “vindos do oriente”, onde ficava a Pérsia
(que hoje se chama “Irã”). Bom, se eles foram imaginados como persas mesmo,
essa historia tem algo de inusitado do ponto de vista geopolítico, como lembra
o americano Crossan: “Acho irônico que, no meu país, nós tenhamos três
iranianos nos nossos presépios”.
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