quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Os tres reis magos não eram reis,nem eram tres


Está no evangelho de Mateus (e só nele): “magos do oriente” ficam sabendo do nascimento de Jesus e seguem uma estrela que os leva até Jerusalém. Lá eles vão até o palácio real e perguntam a Herodes onde é que vai nascer o “rei dos judeus”. O soberano consulta estudiosos das Escrituras Sagradas, e informa aos magos que o nascimento deve acontecer na cidade de Belém. Então pede que eles voltem para confirmar o paradeiro de Jesus. Os homens mais uma vez seguem a estrela, agora até Belém (a 10 quilômetros de lá). Então oferecem ouro, incenso e mirra ao recém- nascido. Depois, são alertados em um sonho que não devem contar a Herodes onde Jesus está, e voltam para casa por um caminho alternativo. Herodes, que era ele mesmo o “rei dos judeus”, não queria ser destronado, então mandou seus soldados matarem todos os meninos com menos de dois anos na região. Essa é uma história típica da mitologia em torno de Jesus - nenhum historiador busca evidências de magos e estrelas-guias; claro. Acreditar nela ou não é questão de fé. Mesmo assim, alguns elementos dessa fé distanciaram se do que está na Bíblia. Por exemplo: não há menção a “reis”. “A tradição popular é que definiu isso, porque trouxeram presentes caros”, diz Irineu Rabuke. O evangelho, aliás, nem diz que eles eram três: só se sabe que eram mais de um, já que são mencionados no plural. Os nomes deles também não aparecem. As alcunhas “Gaspar”, “Melquior” e “Baltazar” são de textos do século 5. O mais provável, enfim, é que esses personagens de Mateus sejam inspirados em sacerdotes do zoroastrismo, uma religião persa ligada à astrologia daí a “estrela de Belém” e  o “vindos do oriente”, onde ficava a Pérsia (que hoje se chama “Irã”). Bom, se eles foram imaginados como persas mesmo, essa historia tem algo de inusitado do ponto de vista geopolítico, como lembra o americano Crossan: “Acho irônico que, no meu país, nós tenhamos três iranianos nos nossos presépios”. 

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