Cristo viveu em um período
favorável para o surgimento de profetas. Só no livro Guerra dos Judeus (do
historiador Flávio Josefo, que viveu no século 1) dá para identificar pelo
menos 15 figuras semelhantes a Jesus, que viveram mais ou menos na mesma época dele.
A Bíblia cita outros quatro. Um é João Batista, que anunciava o fim do mundo
aos seus seguidores, e de quem os cristãos herdaram o ritual do batismo. “Cerca
de cem anos depois da morte de João Batista, seus discípulos ainda diziam que
ele era maior que Jesus”, diz Chevitarese. Para o historiador, João Batista era
um concorrente de Cristo. Os dois eram profetas apocalípticos (já que pregavam
o fim dos tempos) e viviam na mesma região. A diferença e que João chegou primeiro.
“Ele não se ajoelharia na frente de Jesus e diria que não é digno de amarrar a
sandália dele, como está nos evangelhos. Pelo contrário”, diz. Segundo ele, foi
a redação da Bíblia, evidentemente favorável a Jesus, que transformou Batista
num coadjuvante: “Os textos pró-Jesus é que vão amarrar o Batista a tradição de
Jesus. João Batista é um dos melhores exemplos que nós temos de um candidato
messiânico marcadamente popular”. O segundo desses profetas contemporâneos é
Simão, o Feiticeiro. Conforme o livro Atos dos Apóstolos, do Novo Testamento,
Simão é conhecido por “praticar mágica”, e quando ouve os apóstolos falarem
sobre Jesus, oferece dinheiro a eles para tentar comprar o dom de Deus (os
apóstolos recusam a oferta, claro). O terceiro desses é Bar-Jesus, que os
apóstolos encontram quando chegam à Grécia e a quem nomeiam como “falso
profeta”. E o último é o egípcio”, com quem Paulo é confundido no templo de
Jerusalém. O egípcio era um candidato a Messias que viveu por volta do ano 40,
e prometeu levar os seus seguidores para atravessar o leito do Jordão, que, ele
dizia, se abriria quando eles passassem. Chevitarese conta que eles sequer
tiveram tempo de chegar às margens do rio: “Os romanos, quando ficaram sabendo
disso, mandaram a tropa aniquilar todo mundo. Vai que o rio abre mesmo?”
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